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Origens do Yoga em Portugal

Seguem algumas ideias sobre a História do Yoga em Portugal, em meia dúzia de linhas.


A foto em baixo é a capa de um dos primeiros livros de yoga publicados em Portugal e na língua portuguesa. É importante porque foi traduzido pelo poeta Fernando Pessoa (pseud. Fernando de Castro).


No início do século XX o yoga entrou em Portugal pela "mão" do Esoterismo ocidental (teosofia, espiritismo, ocultismo e astrologia principalmente). Fernando Pessoa, Octávio de Marialva e Yogue Ramacharaca, tinham fortes ligações à Teosofia.


Nos finais da década de 1960, o yoga "liberta-se" do esoterismo e do pensamento religioso, também devido ao contributo do processo de secularização, e começam as aulas públicas para grupos por volta de 1973 em Lisboa ou um pouco antes. Contudo, é muito provável que já na década de 1950/60 Octávio de Marialva tenha ensinado aulas particulares de yoga no Funchal (em estudo).


O yoga é medicalizado e aculturado (entenda-se apropriado) pelas indústrias do fitness, beleza, terapia e desenvolvimento pessoal, a partir da década de 1970. Esta tendência ainda se mantém na contemporaneidade, com uma particularidade.


Acentua-se uma metamorfose ideológica de encontro aos feminismos do pós-moderno (ativismo social, empoderamento feminino, questões do corpo) como ferramenta de luta contra a hegemonia patriarcal. Por conseguinte, na esteira do Mark Singleton, podemos afirmar que existe hoje um yoga masculino mais físico e uma Ioga feminina mais holística, que a meu ver é a vertente predominante e que pode ser facilmente constatada através da análise do conteúdo dos discursos nos estúdios e nas escolas de yoga.


Esta é uma curta reflexão sobre alguns elementos históricos do yoga em Portugal. Muita coisa está por investigar no que respeita às dinâmicas históricas e antropológicas do yoga em Portugal. Faltam estudos teóricos e estudos empíricos, mas já existem alguns trabalhos científicos que relacionam a importância do yoga na sua relação com áreas do conhecimento ocidental.


 


2件のコメント


Abdul Jussub
Abdul Jussub
2021年11月10日

Muito bom, a tentativa de uma exposição cronológica linear é uma forma pedagógica excelente de estudo das metamorfoses que a prática passou e continua a passar. O que é denominado com o nome de yoga hoje é plural na sua origem e manifestação. Temos:

Yoga com base no pensamento mágico e esoterismo, com base no pensamento religioso, com base em terapia, com base no fitness, para pessoas que se identificam com um, dois ou mais géneros, com base em ativismo de inclusão social, ... Considerar alguma das formas como predominante antes de ser feito um levantamento nacional pode ser uma visão complexa que necessite de apresentação de dados estatísticos. Todas as práticas referidas acima possuem identidades próprias distintas que pode…

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Paulo Hayes
Paulo Hayes
2021年11月10日
返信先

O levantamento parcial já foi feito no meu mestrado, com estatísticas e tabelas. A questão presente não é tanto a de saber se as práticas de ginásio são predominantes (os dados que tenho até indicam que não - não é nos ginásios que a maioria pratica), mas será mais a de saber até que ponto os feminismos influenciaram e/ou acompanharam o desenvolvimento do movimento fluído postural. Será que a fluidez dos movimentos, transições do yoga moderno podem ser vistas na perspetiva feminista? Para isso teríamos de falar das suas correntes e vagas sociopolíticas.

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